Papo Cabeça aborda o empoderamento feminino na Ciência
O evento acadêmico realizado ontem (18) contou com a participação da vice-governadora do Estado do Espírito Santo, Jacqueline Moraes.
Em homenagem ao Dia Internacional das Mulheres, a XXI edição do Papo Cabeça, com o tema “Os desafios da permanência de mulheres na computação e na EaD”, realizado ontem (18), no Centro de Referência em Formação e em Educação a Distância do Ifes (Cefor - Ifes) , teve uma mesa-redonda com a participação da vice-governadora do Estado do Espírito Santo, Jacqueline Moraes, a diretora do Cefor, Mariella Berger, a coordenadora e professora do curso Moodle de Lovelace, Márcia Gonçalves e a professora Vanessa Battestin.
O evento também contou com a presença do reitor do Ifes, Jadir Pela; do pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação do Ifes, André Romero; do jornalista da Rede Gazeta, Eduardo Dias; da coordenadora geral de Ensino Larissy Alves Cotonhoto; da coordenadora de Pesquisa e Extensão Maria Alice Veiga e de professores e técnicos administrativos do Cefor.
Para abrir o Papo Cabeça a professora Maria Alice trouxe uma reflexão sobre a histórica participação e produção de conhecimento da mulher em espaços tradicionalmente masculinos. A professora Márcia Gonçalves proferiu uma palestra de apresentação do projeto Meninas Digitais, intitulada “O Moodle de Lovelace: uma chamada de meninas para a computação”. Marcia reforçou que devemos desmistificar a ideia de que “a programação é um conhecimento difícil ou que somente aprende quem possui um dom”. O objetivo do projeto é levar o ensino da programação para todos, como é o caso da aluna surda Ana Carla Kruger Leite.
Para complementar o tema, o jornalista Eduardo Dias compartilhou o processo de construção da matéria “Periferia de Vitória tem 4 vezes mais mães adolescentes”, publicada no dia 07 de março de 2018, no site Gazeta Online, a qual foi inspiração para a criação do curso de programação a distância do Cefor “Moodle Lovelace: uma chamada de meninas para as carreiras de computação”.
Na sequência, a mesa-redonda foi um momento de reflexão e debate sobre os desafios e preconceitos encontrados pelas mulheres para serem cientistas, especialmente para aquelas que atuam nas áreas de exatas e da informática, áre que ainda predomina o público masculino. A professora Maria Alice, por exemplo é Matemática, e as professoras Márcia, Vanessa e Mariella são graduadas em Ciência da Computação, tendo a formação acadêmica passando pelo mestrado e o doutorados relacionados à área digital. Elas relataram a desconfiança e descrença entre professores, colegas e alunos quando se deparavam com mulheres estudando os assuntos que os homens julgavam serem apenas eles capazes.
A vice-governadora Jacqueline Moraes expôs para o público a sua emoção ao ouvir os relatos dos presentes e se reconheceu na matéria do jornalista Eduardo Dias, quando o mesmo apresentou dados atuais sobre a gravidez na adolescência, uma vez que ela engravidou aos 18 anos. “Esse curso é uma esperança para as meninas que tiveram filhos”. Também se reconheceu no ensino a distância, pois foi aluna EJA. Ela compartilhou os olhares que enfrentou de recriminação da sociedade e na política por ser mulher, negra e da periferia. Moraes é a primeira mulher a ocupar o cargo de vice-governadora no Estado do Espírito Santo. Sobre o projeto Meninas Digitais, ele foi bastante elogiado por Jacqueline e acredita que o empoderamento feminino começa com o conhecimento e a informação. Em relação ao papel do governo estadual, a vice-governadora disse que o diálogo está aberto e que o governo tem como meta apoiar projetos que envolvem a tecnologia através de parcerias e fomentos como a Fapes.
No depoimento pessoal da professora Vanessa Battestin foi relatado o papel fundamental do professor da escola pública em que estudava e o mesmo lhe contou sobre a existência da Escola Técnica. Essa descoberta e ter ingressado no Ifes contribuíram para a sua formação. Hoje ela é doutora em Educação, mestre em Informática, professora do Cefor e durante 5 anos foi diretora do Centro de Referência em Formação e em Educação a Distância do Ifes.
A diretora e professora Mariella Berger também estudou em escola pública. Sua formação acadêmica foi na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), cujo doutorado foi em Ciência da Computação. Berger contou que durante o tempo que ministrou aulas na Universidade nos cursos de computação e engenharia não havia a presença de muitas meninas e que essa realidade continua. Por essa razão, reiterando a fala da colega e parceira de área, Vanessa, são importantes iniciativas de políticas e instituições públicas para criar oportunidades e condições de acesso para as mulheres a esse campo de conhecimento específico. A diretora também destacou que os setores de gestão do Cefor são comandados por mulheres e que, embora elas sejam a maioria, os homens professores e técnicos administrativos não lhes faltam com o respeito.
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