XII edição do Papo Cabeça debate a inclusão do Surdo
Cefor promove bate-papo para tratar de tema sensível e importante: a inclusão do surdo, a partir do olhar de um professor de Libras surdo.
A XII edição do Papo Cabeça: compartilhando ações, realizada nesta quarta-feira (08), teve como tema a vida pessoal e profissional do professor de Libras Edgar Simões, que é surdo, do Centro de Referência em Formação e em Educação a Distância (Cefor). Intitulado “Fale com ele”, o tema dessa edição foi inspirado na obra do cineasta espanhol Pedro Almodóvar (“Fale com ela”) e também no artigo da professora Rita de Cássia Paiva Magalhães. Em seu artigo, a autora nos convida a conversar com pessoas com deficiência e não buscar saber sobre elas somente por meio de outras.
O encontro organizado pela coordenadora no Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (Napne), Larissy Cotonhoto e a revisora de textos Braille, Andressa Koehler, contou com a participação do tradutor e intérprete de Libras, Gabriel S. Nascimento, para intermediar o diálogo entre o público e o professor de Libras.
Durante o evento, perguntas sobre a trajetória pessoal e profissional, além da questão da inclusão dos surdos, foram lançadas ao professor. Edgar compartilhou a história dele desde o nascimento, passando pela inserção na escola, pelo preconceito que enfrentou quando era isolado pelos colegas de sala e que subestimavam a sua capacidade intelectual, às conquistas profissionais até chegar ao Cefor/Ifes.
Trouxe informações importantes sobre o universo do surdo, por exemplo, o fato de que 90% nasce de pais ouvintes. Segundo o professor, o Brasil possui 9 milhões de surdos, sendo no Espírito Santo o número em torno de 150 mil. Edgar também esclareceu que a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é um idioma oficial, com estrutura gramatical própria. Destacou que o surdo é bicultural, uma vez que ele se comunica por meio de duas línguas: Libras e Português. Segundo ele, ainda, “a comunidade surda não aprova o termo ‘deficiência’ porque soa como déficit. O surdo tem a sua própria cultura, sua própria visão de mundo”.
O docente ainda reforçou a importância da inclusão, no sentido de a comunidade escolar, em especial os docentes, aprenderem a língua de sinais. Segundo Edgar, “o surdo quer ser inserido no diálogo, quer estabelecer interação com as pessoas, tirar dúvidas, perguntar, se sentir agente ativo do processo de comunicação; por isso é fundamental que o professor inclua o aluno surdo na sala de aula”. E ressalta, “quando há a interação entre o professor e o aluno, resulta-se no desenvolvimento intelectual do discente”.
Ao ser perguntado sobre as suas expectativas no Cefor, Edgar disse ter como meta “ensinar Libras para todos”. E acredita que todos devem aprender o idioma, pois em algum momento irão se deparar com pessoas surdas.
O encerramento do Papo Cabeça foi mais um momento de aprendizagem: o professor ensinou aos colegas, de forma descontraída, alguns sinais como cumprimentos, formas de receber convidados, expressões faciais, sinais para marcar reunião, dentre outros. Por fim, o professor foi aplaudido na língua de sinais.
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